No começo deste mês de novembro, o Senado derrubou o veto presidencial à prorrogação, até dezembro de 2021, da desoneração tributária da folha de pagamento de 17 setores da economia. Juntos, eles empregam mais de 6 milhões de pessoas. O transporte rodoviário de carga é um deles, sozinho gera 800 mil postos de trabalho, segundo a Associação Nacional do Transporte (NTC&Logística). E uma parte significativa dessas vagas é ocupada por motoristas de caminhão. A desoneração da folha de pagamento ocorreu pela primeira vez em 2011, por meio de medida provisória. Desde então, vem sido prorrogada.
Na prática, a continuidade da desoneração significa que alguns tributos devidos pelos empregadores são retirados e isso diminui os custos mensais. Presidente da NTC&Logística, Francisco Pelucio diz que essa medida é importante para a manutenção dos empregos. E, também, para que as empresas de transporte tenham mais fôlego para reforçar o caixa. Com isso, não perdem a eficiência de atendimento. “Nosso objetivo é que venha logo a reforma tributária para que esses impostos sejam eliminados permanentemente”, diz Pelucio.
Neste ano, o setor enfrentou período de crise por causa do novo coronavírus. Mas, a partir de agosto, as empresas passaram a ficar mais otimistas com relação ao futuro, segundo levantamento da NTC com 914 transportadoras. Contudo, a velocidade da recuperação do setor iria depender da prorrogação da desoneração da folha de pagamento. O que ajudaria as empresas a enfrentarem os efeitos da crise.
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Desoneração traz mais capacidade para enfrentar altos custos
Na visão do Coordenador do Centro de Excelência em Logística e Supply Chain da FGV, Manoel Reis, a manutenção dessa desoneração é importante nesse momento. Sobretudo porque as empresas transportadoras enfrentam, agora, a falta de insumos e alta no preço de componentes. Isso faz com que haja o aumento nos custos de operação.
“A desoneração não trará impactos para o transportador, mas ajudará com que a empresa tenha melhores condições de passar por essa fase de alta nos preços e falta de alguns insumos”, complementa. Reis explica que as empresas transportadoras devem aproveitar esse momento para rever processos. E, também, encontrar maneiras de se tornarem mais eficientes em suas operações. “O ideal é investir em gestão e usar a tecnologia como aliada.”
Mais capacidade para investir
Diretor da Anacirema Transportes, José Alberto Panzan diz que a prorrogação veio em uma boa hora, principalmente porque a empresa não conseguiu repassar o aumento dos custos para o frete. “Se a desoneração terminasse, teríamos acréscimo de 4,5% e ficaria difícil fazer novas contratações”, comenta. O executivo diz que a empresa deverá abrir pelo menos mais 20 vagas nos próximos meses. Entre elas novos postos de trabalho para motoristas de caminhão. A transportadora, que atua no transporte para a indústria alimentícia e automobilística, tem uma frota de 80 veículos próprios e 55 motoristas contratados.
Para o diretor Comercial do Grupo Scapini, Lucas Scapini esse fôlego irá garantir mais empregabilidade no setor. “Também aumentará a capacidade de investimento já que não temos mais que pagar esse imposto até o fim do próximo ano”, comenta.
Lucas Scapini acredita que a prorrogação vai evitar demissões
Scapini acredita que se a desoneração não tivesse sido mantida, a transportadora teria de fazer retenções de custos para pagar a folha. “Com esse novo cenário, estamos pensando em fazer investimentos para capacitação de pessoas e em comprar novos veículos.”
Com 540 caminhões próprios, a Scapini atua em operações de transporte de carga em todo o Brasil.