A Mercedes-Benz renovou sua linha Accelo de caminhões leves e médios. No ano passado, a marca introduziu a caixa automatizada como um item opcional e no início deste ano, os modelos 1016 e 1316 ganharam uma nova relação de eixo traseiro de i=3,909 para caminhões com câmbio automatizado.
Na prática, com essa relação mais longa o veículo consegue rodar em velocidades médias mais altas. Para quem opera no ambiente misto, em que parte do trecho é de rodovias, ter boas velocidades é uma característica importante.
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Engenheiro de produto Mercedes-Benz, Wilson Baptistucci explica que cada vez mais operadores de curtas distâncias, de até 500 km, buscam essa composição. "Com essa relação mais longa o veículo é capaz de rodar em maiores velocidades, porém, em baixas rotações. E o resultado é o menor consumo de combustível", diz Baptistucci.
O modelo testado é o Accelo 1316. A equipe do Estradão teve a oportunidade de dirigir esse caminhão 6x2. Graças ao 3º eixo de fábrica, seu peso bruto total (PBT) é de 13 t sendo um caminhão médio. Sua capacidade de carga útil é de 8.720 kg na versão com entre os eixos de 3.900 mm. Não é a maior da categoria. Esse mérito é do VW Delivery 13.180 cuja capacidade de carga útil é de 9.420.
Um mercado com muito potencial
O Accelo 1316 não vigora entre o mais popular nas vendas de médios. O mérito é do Volkswagen 11.180, de 11 t de PBT, que, segundo a Fenabrave, ocupa a primeira posição nas vendas com 3.736 unidades, lhe garantindo 57,69% do mercado. No entanto, na categoria de caminhões com PBT de 13 t, o modelo da Mercedes é o mais vendido do País. De janeiro a outubro foram emplacadas 447 unidades do Accelo 1316, lhe dando 6,9% de participação no segmento.
No últimos anos, o mercado de caminhões médios foi ganhando mais espaço com os veículos de 11 t. Por culpa de uma sacada da Ford, que lançou em 2010 o Ford Cargo 1119. O modelo tinha atributos de caminhão leve com capacidade de carga de um médio. Ou seja, transportava mais que os convencionais leves de 10 t, podendo ocupar o mesmo espaço no trânsito. A novidade levou a Volkswagen a apresentar a sua versão e, com a saída da Ford no mercado, a marca alemã está nadando de braçada nesse segmento. A Iveco também aposta nessa categoria com o Tector 11-190, que ocupa 5,5% do mercado de médios.
Os caminhões de 13 t atraem o segmento de distribuição de bebida, por sua vocação no uso misto e por causa da maior plataforma de carga. Nesse sentido, o representante da Mercedes-Benz está em vantagem. De acordo com a engenharia da marca, o modelo tem a uma das maiores plataformas de carga da categoria. Chega a ser até 1,85 metro maior em relação aos seus principais concorrentes. O que equivale a 7 m3 a mais de volume de carga.
Atributos técnicos do Accelo 1316
Para ser mais competitiva, a Mercedes-Benz rapidamente promoveu melhorias na sua linha Accelo. Ela foi a primeira marca a introduzir, no ano passado, a caixa automatizada para os caminhões da gama. A transmissão eleita é a Eaton 6206A, de seis marchas.
Chama a atenção o escalonamento de marchas, com primeira reduzida de 6,20 e última marcha com overdrive 0,78. Isso é um diferencial do veículo que tem boa arrancada na partida em rampa. Além disso, essa relação em combinação com o eixo traseiro ajuda o veículo a ter altas velocidades. Esses diferenciais o tornam apto para trafegar no tráfego urbano, bem como em rodovias.
Mais economia
De acordo com a engenharia da Mercedes-Benz, só com a solução da Eaton, o veículo apresentou redução de consumo em torno de 3% frente ao tradicional câmbio manual. E assim como a Powershift, transmissão presente nos caminhões semipesados e pesados da marca, a caixa Eaton conta com dois modos de condução. A função Eco que permite ao caminhão rodar no modo mais econômico, e a Power, que fornece mais força ao veículo em trechos de aclives, serras e ultrapassagens, por exemplo.
"A tecnologia também tem sistema que reconhece a inclinação da pista e a carga do veículo realizando a troca de marcha de forma mais correta e adequada de acordo com as condições de pista e do veículo", explica Baptistucci.
Outra solução que acaba sendo aliada para quem opera no trecho urbano é o sistema de partida em rampa. Ele auxilia o condutor a sair do semáforo, por exemplo, sem deixar o veículo descer, caso esteja em uma subida. Só com esse sistema é possível poupar combustível porque evita que o motorista fique pisando no pedal de embreagem e do acelerador na tentativa de segurar o veículo antes de sair do semáforo.
A nova transmissão trabalha com o motor Mercedes-Benz OM 924 LA, 4,8 litros. Esse motor está presente nos caminhões semipesados Atego de 17 t. Ele desenvolve potência de 156 cv a 2.200 rpm e torque de 62,2 mkgf de 1.200 a 1.600 rpm.
No quesito segurança, o Accelo 1316 conta com freio ABS (por força da lei), EBD (distribuição eletrônica da força de frenagem nos eixos) e ASR (controle de tração das rodas).
Melhorias a bordo complementam os diferenciais do Accelo 1316
Antes mesmo da chegada da transmissão automatizada, a Mercedes-Benz renovou toda a sua linha de caminhões. E o Accelo passou a sair mais completo desde 2017. Cabine estendida em 180 mm na parte traseira foi a uma das novidades. Com isso, o modelo ganhou três novos porta-objetos atrás dos bancos.
O banco do motorista está em uma posição recuada em 25 mm e com ajuste longitudinal de 210 mm, ampliando o espaço para as pernas. A regulagem do encosto foi aumentada para 25 graus, um ganho de +13 graus. Isso resulta em maior espaço e melhor ergonomia, principalmente para pessoas de maior estatura. Destaque para os dois bancos dos passageiros que podem ser rebatidos, sendo que o central além de contar com dois porta-copos ainda serve como mesa. O banco do motorista tem a opção de ser pneumático.
O Accelo 1316 na versão com câmbio automatizado sai de série com ar-condicionado e vidro elétricos. O teto com escotilha é de série.
Na pista com o trucado
Dirigir o Accelo 1316 traz a sensação de estar a bordo de um automóvel de grandes dimensões, como uma picape. Ele é mais alto e dotado de muito conforto. Dirigi a versão mais completa do modelo, com ar, banco pneumático, radio CD player com entrada USB e caixa automatizada.
Algo que chama a atenção no câmbio do Accelo é que ele não permite que o caminhão saia pulando marcha. Há ainda um sistema que identifica a carga do veículo para, dessa forma, fazer a troca de marcha de modo inteligente, poupando a embreagem do caminhão, assim como todo o trem de força.
Na velocidade de 70 km/h em trecho de declive acionei o freio-motor top brake, item que é série no modelo. Impressiona a agilidade do sistema ao frear o veículo. E no primeiro estágio do retarder é possível reduzir quase pela metade a velocidade do veículo, mas de modo suave.
Em linha reta, o veículo alcança rapidamente a velocidade de 90 km/h, sem ultrapassar os 1.400 rpm em 6ª marcha. E o que chama a atenção é que o ruído não passa de 72 decibéis. Simulei, nessa mesma velocidade, uma ultrapassagem. E para isso acionei a tecla power. O caminhão ganhou fôlego rapidamente, mas sem alterar muito o torque que não passou dos 1.500 giros.
O Accelo é um caminhão extremamente fácil de manobrar, graças ao seu reduzido círculo de viragem que chega a ser até 1,2 metro menor que os seus principais concorrentes.
Ficha Técnica
Cabine | Curta/estendida |
Entre-eixos (mm) | 3.600 |
Motor | MB OM 924 LA, 156 a 2.200 rpm/62,2 mkgf de 1.200 a 1.600 |
Transmissão | Eaton 6206A/ 6 marchas |
Peso em ordem de marcha (kg) | 4.280 / 4.380 |
PBT (kg) homologado | 13.000 |
PBTC (kg) | 13.000 |
Carga útil + carroceria (kg) | 8.720 / 8.620 |
Preço | R$ 268.485 |