Por que o rebite é uma roubada para a sua saúde
Distúrbios psiquiátricos, infartos e acidentes. O preço pago pelo uso da droga é alto.
A jornada do caminhoneiro é dura. Para dar conta da entrega, muitas vezes é preciso passar horas dirigindo. A solução considerada mais fácil é tomar um rebite para aguentar o tranco. O problema é que os efeitos colaterais do abuso do remédio são graves. Se não é o seu caso, com certeza você já ouviu falar de alguém que faz uso da droga. Por isso fazemos o alerta: não entre nessa ou pare enquanto é tempo.
O que é o rebite: A anfepramona, o popular rebite, é uma substância comercializada para ajudar na perda de peso. Ela age no sistema nervoso central produzindo a sensação de saciedade. Hoje é liberada, mas entre 2011 e 2017 havia sido proibida pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). Como a maioria das drogas, tem poder de viciar e vai perdendo efeito com o uso prolongado, o que faz o usuário precisar de doses maiores. É similar à anfetamina, mas um pouco mais leve.
O que ele faz: na dose certa, diminui o apetite e ajuda as pessoas a emagrecer. O problema são as consequências para quem abusa. Entre seus efeitos colaterais está a insônia. Enquanto alguém que quer perder peso toma um comprimido, quem pretende ficar horas acordado toma seis. É aí que começa a dar muito errado. O rebite aumenta a frequência cardíaca e a pressão arterial. Em excesso, pode causar câimbras, espasmos musculares, alucinações visuais e auditivas. Na estrada, qualquer um desses sintomas pode ser fatal.
Outro perigo é a associação do uso do rebite com outras drogas, como a cocaína. O doutor Aly Yassine, médico especialista em medicina de tráfego e diretor de inovação da Abramet (Associação Brasileira de Medicina de Tráfego), afirma que a combinação com a coca aumenta em 23 vezes a chance de um ataque cardíaco. “Se um caminhoneiro dirigindo sofre um enfarto, naturalmente ele perde o controle do veículo e acaba sendo o autor de uma dessas tragédias que a gente, infelizmente, tem visto pelo Brasil”, afirma.
O médico também chama a atenção para outro fator de risco entre a categoria: a obesidade e a hipertensão, doenças que atingem uma parcela enorme dos caminhoneiros. “Eventualmente em pessoas que já são obesas em grau dois, que têm placas de gordura em coronárias, artérias do pescoço e carótidas, essas placas se rompem e geram um enfarto fulminante”, diz.
A longo prazo, o uso dos rebites pode levar a distúrbios psiquiátricos seríssimos, como a esquizofrenia. Outro efeito é a hipertensão arterial grave, que, mesmo com o tratamento tradicional com remédios, não volta ao normal. “É melhor preservar a vida do que correr riscos para chegar mais cedo ao ponto de destino para a entrega da carga”, diz o médico. O recado está dado.