Tecnologia

Uma volta a bordo do Iveco do Rally Dakar

Caminhão preparado para encarar a mais famosa competição fora de estrada entrega desempenho e muita tecnologia

Décio Costa

01 de fev, 2018 · 6 minutos de leitura.

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Iveco Powestar que competiu no Rally Dakar 2018 sob o comando de Federico Villagra
Iveco Powerstar em ação
Crédito:Cré´dito: Iveco

O acelerador provoca um motor FPT de 6 cilindros com 13 litros que desenvolve 912 cv a 2.200 rpm e torque de 428,3 kgfm que surge logo a 1.100 rpm. São números equivalentes de um superesportivo, mas para um caminhão que precisa enfrentar os mais variados tipos de terrenos e altitudes em uma competição contra o relógio, não basta somente as respostas do motor. O talento do piloto, claro, ajuda muito, mas todo o conjunto, neste caso, talvez fale mais alto do que qualquer outro esporte a motor.

O Iveco Powerstar (versão bicuda oferecida pela fabricante somente no mercado australiano) pilotado pelo argentino Federico Villagra no Rally Dakar 2018, 40ª edição da competição, a 10ª na América do Sul, certamente não se mostra nada convidativo.

O interior da cabine é espartano, aliviado de qualquer item que não tenha utilidade na corrida. Não há revestimento tão pouco acabamento. O reforço da gaiola estrutural, os três bancos da equipe de bordo, mais a parafernália de equipamentos de navegação e monitoramento de veículo limitam ainda mais a movimentação interna. Depois de sentados e afivelados pelo cinto de segurança de seis pontos, cabe somente segurar firme nas barras de apoio, manter os olhos no trajeto e nos instrumentos. Dá falar bastante, fundamental em um rali.


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O modelo é desenvolvido sobre a mesma plataforma do Trakker, linha de caminhão da Iveco destinada às aplicações fora de estrada. No chassi o veículo ganha reforços, mas também um conjunto de suspensão composto por duplas de molas helicoidais e amortecedores nas quatro rodas, além de feixes no eixo traseiro.

Nas rodas, calçadas com pneus 375/90R22,5 – o que deixa o caminhão com mais de 1 metro de altura livre do solo – um sistema de monitoramento de pressão é capaz de inflar ou esvaziar os pneus e, assim, adequá-los às condições do piso, das dunas ao cascalho. Villagra conta que quando o navegador identifica um terreno arenoso alguns quilômetros à frente, por exemplo, o mecânico começa a esvaziar o pneu. Cabe ao piloto então ficar atento para não colocar tudo a perder com um rasgo provocado por uma pedra.

Navegador e mecânico, aliás, são peças fundamentais na equipe de bordo. Diante deles, diversos instrumentos informam localização, trajeto, tempo e parâmetros de funcionamento do veículo. A tarefa de leitura de tudo isso e ao mesmo tempo informar o piloto é tanto quanto árdua em condições que simplesmente o caminhão não para de sacolejar.


O Iveco Powerstar do Dakar tem 6,8 metros de comprimento, 2,5 m de largura e 3 m de comprimento. Pesa 8.600 kg, mas vai para a corrida com 9.300 kg, peso extra na conta de peças sobressalentes. Para parar o bruto, frequentemente em alta velocidade e em situação fora de estrada, o caminhão tem freio a disco Knorr-Bremse de 430 mm x 42mm.

Deixar o modelo pronto para a competição não é barato. De acordo com Villagra, a cifra ronda US$ 1 milhão. Um custo que contribuem com o laboratório de desenvolvimento da Iveco ao ter acesso a informações valiosas a respeito de componentes do veículo, mas que certamente não paga emoção que o caminhão proporciona.

Parece difícil imaginar, mas como um carro, o bruto escorrega nas curvas e salta nas rampas, embora esteja longe de aterrissar macio. Uma pequena volta em circuito fechado com Villagra na direção não só proporciona uma experiência única, mas a certeza de que não é qualquer um que pode provocar o Powerstar do Rally Dakar.


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