Aline Feltrin

27/06/2022 - 4 minutos de leitura. Atualizado: 26/06/2022 | 23:59

Tabela de frete é desconhecida por 45% dos caminhoneiros

Estudo feito com mil caminhoneiros autônomos mostra que 45% nunca ouviu falar da tabela de frete, o que favorece o não cumprimento das regras

Crédito: Volvo/Divulgação

A tabela de frete não é conhecida por boa parte dos caminhoneiros autônomos. Segundo estudo feito pela Confederação Nacional do Transportadores Autônomos (CNTA), de cada dez profissionais, quatro nunca ouviram falar dessa lei.

De acordo com o levantamento feito em abril, essa é a realidade de 45% dos mil motoristas ouvidos pela AGP Pesquisas. A empresa fez o estudo a pedido da CNTA. Além disso, dos 55% que têm conhecimento da existência da tabela, 72% não estão satisfeitos com ela.

Embora o número de entrevistas seja pequeno, reflete um universo gigantesco. Conforme dados da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), há cerca de 800 mil caminhoneiros no Brasil.

Continua depois do anúncio

Conforme o assessor-executivo da CNTA, Marlon Maues, isso favorece quem faz intermediação. "Bem como as transportadoras que repassam o frete e não cumpram a lei”, afirma.

A lei da tabela mínima de frete é uma das conquistas da categoria. Ou seja, é resultado da greve dos caminhoneiros de 2018. Contudo, há reclamações constantes sobre o não cumprimento da lei.

Seja como for, a legislação que estabeleceu a tabela de frete mínimo determina que haja atualização dos valores a cada seis meses. Bem como se houver oscilação superior a 10% no preço do diesel.


Falta de tempo para se informar

Maues disse ao Estradão que o motivo do desconhecimento sobre a tabela de frete está relacionada à rotina severa dos caminhoneiros. “São profissionais que ficam até 13 horas por dia dentro do caminhão. Assim, não conseguem se organizar para cobrar uma remuneração mínima e que seja justa.”

Segundo o executivo, isso também está relacionado ao baixo nível de escolaridade dos profissionais. De acordo com o estudo, 52% dos caminhoneiros autônomos ouvidos na pesquisa cursaram apenas o ensino médio. Além disso, 22% desse grupo não conclui o curso. E 2% têm diploma universitário.  

Maioria dos autônomos não tem MEI


Da mesma forma, outra conclusão é que muitos motoristas trabalham como pessoa física. Ou seja, eles não têm registro de Micro Pequena Empresa Individual (MEI). Dos mil entrevistados, 64,3% estão na informalidade.

De acordo com Maues, isso pode estar relacionado ao teto máximo de faturamento permitido para a abertura de MEI. Ou seja, quem recebe mais do que limite acaba optando pela informalidade para não pagar tantos impostos.

Porém, neste ano entrou em vigor a lei da MEI do caminhoneiro. Com isso, os autônomos que receberem até R$ 251,6 mil por ano poderão sair da informalidade.


Seja como for, Maues diz que o atual limite é insuficiente para muitos autônomos possam abrir empresa. Apesar de haver várias vantagens. Entre elas, o profissional tem mais acesso à linhas de crédito, por exemplo. Além disso, quem emite nota fiscal consegue contratar fretes mais lucrativos.

Notícias relacionadas

Notícias

Volkswagen Caminhões e Ônibus vai premiar motoristas que descansam

Lançamentos

Randon lança furgão modular New R 1.000 kg mais leve

Mercado

Scania já vendeu 1.000 caminhões a gás no Brasil desde 2020

Notícias

Manos Implementos lança Megatrem com 240 t de capacidade